O músico
Dilermando Reis foi o primeiro violonista que ouvi e que me despertou para o que considero hoje da maior importância: o lirismo e a delicadeza na interpretação. Na medida em que fui avançando no estudo do violão e da música em geral deparei-me com a música de Baden Powell, que exerceu grande influência sobre meu trabalho, por sua expressividade e vigor rítmico. Posteriormente veio o refinamento de João Gilberto.
Naquela época, muito sofisticado para a minha percepção musical. A música de ambos me foi apresentada por meu primeiro professor – Heber Alvim – em Divinópolis (MG). Ele foi o primeiro grande professor e orientador que tive em minha trajetória musical.
Por volta de 1981 comecei a compor. Inicialmente, de forma muito espontânea e sem critérios técnicos. Nessa ocasião ouvia com muita frequência a música de Johann Sebastian Bach, Ludwig Van Beethoven e com muita frequência Richard Wagner, compositor que ainda ouço muito.
Depois de alguns anos envolvido com a música destes grandes mestres, surgiu em minha vida o Jazz, por meio de Bill Evans, Miles Davis e Chet Baker que, depois de exaustivas audições e análise de suas concepções musicais, me reconduziram aos impressionistas. Principalmente Claude Debussy e Maurice Ravel, dando continuidade à minha formação, tendo como referência a música erudita.
Sempre dedicado ao estudo e à pesquisa, sem descuidar do meu lado de instrumentista, fui influenciado por grandes compositores brasileiros. Entre eles, Ernesto Nazareth, João Pernambuco, Pixinguinha, Heitor Villa Lobos e Garoto. Com eles desenvolvi meu conceito de música e vi nascer em mim, um novo mundo repleto de lirismo e desafios técnicos. Esta foi uma fase importante, quando mergulhei totalmente no estudo do violão e da composição, passando horas a fio tocando choros e sambas e frequentando “rodas de choro” em Belo Horizonte.
Em 1983 iniciei-me na arte de fazer arranjos e produzir, naquela época, Long Plays. Com essa nova função em minha vida, pude experimentar tudo que estudei e me familiarizar com toda a família dos instrumentos, além de trabalhar com uma infinidade de músicos. Aprendi um pouco com cada um deles e tive o privilégio de me auto avaliar inúmeras vezes, evitando, a cada novo trabalho, os erros cometidos nos anteriores. A produção musical e os arranjos foram se tornando, aos poucos, minha atividade principal, alternando com os shows e as gravações de meus trabalhos autorais.
Durante esses anos, ampliei meus conhecimentos da técnica de gravação e mixagem de CDs e DVDs e da mixagem para cinema. Ingressei-me ainda em uma área sedutora – trilha sonora para cinema – tendo atuado como arranjador e orquestrador das trilhas dos filmes “Amor e cia” de Helvécio Ratton (1998) e “O tronco” de João Batista de Andrade (1999), além de trilhas para curtas e vídeos. Essas foram grandes oportunidades para que eu me aprofundasse nos estudos da técnica de gravação e mixagem da música para cinema, levando-me a estudar roteiro para teatro e cinema e a participar de cursos sobre a história, estilos e técnicas desta arte sedutora.
Nas últimas décadas, mantenho parcerias consolidadas com vários letristas consagrados da Música Popular Brasileira. Com Fernando Brant (Im memorian) compus inúmeras músicas que já foram gravadas por vários intérpretes e ainda tenho canções inéditas guardadas que, certamente, serão gravadas.
Atualmente escrevo com frequência com o grande autor Paulo Sérgio Valle, responsável por tantos sucessos conhecidos em todo o mundo, bem como com compositores da nova geração.
Lançando um olhar para o passado, percebo que minha atuação em todos estes setores da música me dão a certeza de estar realizando um grande sonho que, através do tempo, brotou, foi cultivado e floresceu no mais íntimo do meu ser.